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Hidroclrotiazida e Câncer de Pele e Lábio
Dois estudos dinamarqueses recentes mostraram que o uso prolongado da hidroclorotiazida (HCTZ) se associa à formação de um tipo de câncer de pele e de lábio inferior, do grupo "não melanoma". HCTZ é um medicamento diurético e anti-hipertensivo muito empregado em todo o mundo. Os trabalhos dinamarqueses vieram complementar suspeitas anteriores e mostram clara relação entre dose acumulada de HCTZ recebida pelos pacientes e aumento de risco da doença(1,2). Nem sempre uma correlação implica em relação de causa e efeito. Mas os números mostrados nos trabalhos são tão expressivos que é impossível esperar mais comprovações. Segundo alerta recente da Anvisa, as bulas dos produtos que contém a HCTZ, (seja como única droga, seja em associações com outros fármacos) deverão mencionar os riscos apontados(3).
Resumo da história da hidroclorotiazida
Até os anos cinquenta do século passado, não havia agentes capazes de ampliar a diurese de forma segura. Os chamados "mercuriais" exerciam este mister à custa de dano dos tecidos renais. HCTZ foi uma dos agentes mais importantes para mudar o cenário. O mecanismo básico da ação da HTCZ é um bloqueio reversível na reabsorção do sódio pelos túbulos renais. Por ter poucos efeitos adversos e pelo baixo custo vem tendo amplo uso. Há 10 anos, por ocasião do cincoentenário deste princípio ativo, Moser e Feig fizeram ampla e útil retrospectiva sobre seu emprego terapêutico como diurético e para controle da hipertensão arterial(4).
Até hoje, muitos pacientes controlam a pressão utilizando-a durante décadas, com ou sem associação a outros fármacos. Até pouco tempo atrás, já se tinha conhecimento sobre a maioria dos seus efeitos adversos como, por exemplo, manifestações digestivas ou alérgicas. Também já se sabia seu potencial para fotossensibilização que é a propriedade de provocar lesões agudas da pele de tipo inflamatório ou alérgico quando o usuário se expõe à luz solar. Agora a associação com câncer de pele e de lábio exige mais cuidado na prescrição e no controle do paciente.
Presença da HCTZ no mercado brasileiro
Hoje o mercado brasileiro conta com mais de trinta apresentações da HCTZ, como monodroga, e mais de cinquenta, na forma de associações. Nas décadas passadas eram prescritas doses diárias de 50 ou 100mg de HCTZ. Mais recentemente, se recomendam doses diárias menores, ensejando novas apresentações. Sendo comum o uso de dois ou mais fármacos para controle da hipertensão, foram introduzidas no mercado mais do que cinquenta associações de HCTZ com diuréticos poupadores de potássio como amilorida ou anti-hipertensivos não diuréticos como inibidores da enzima conversora de ou antagonistas dos receptores II da angiotensina.
Referências
1. Pottergard A et al. Hydrochlorothiazide use is strongly associated with risk of lip cancer. J Intern Med 2017 Oct;282(4):322-331.
2. Pedersen SA et al. Hydrochlorothiazide use and risk of nonmelanoma skin cancer: a nationwide case-control study from Denmark. J Am Acad Dernatol 2018 Apr;78(4):673-681. Disponivel em
https://www.jaad.org/article/S0190-9622(17)32741-X/fulltext
3. Brasil, Anvisa Alerta 72 018/2018. Hidroclorotiazida
4. Moser, M Feig PU. Fifty Years of Thiazide Diuretic Therapy for Hypertension.Arch Intern Med 2009;169(20): 1851-1856. Disponível em
https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/fullarticle/1108565#full-text-tab Acesso em 05/04/2019.
Resumo da história da hidroclorotiazida
Até os anos cinquenta do século passado, não havia agentes capazes de ampliar a diurese de forma segura. Os chamados "mercuriais" exerciam este mister à custa de dano dos tecidos renais. HCTZ foi uma dos agentes mais importantes para mudar o cenário. O mecanismo básico da ação da HTCZ é um bloqueio reversível na reabsorção do sódio pelos túbulos renais. Por ter poucos efeitos adversos e pelo baixo custo vem tendo amplo uso. Há 10 anos, por ocasião do cincoentenário deste princípio ativo, Moser e Feig fizeram ampla e útil retrospectiva sobre seu emprego terapêutico como diurético e para controle da hipertensão arterial(4).
Até hoje, muitos pacientes controlam a pressão utilizando-a durante décadas, com ou sem associação a outros fármacos. Até pouco tempo atrás, já se tinha conhecimento sobre a maioria dos seus efeitos adversos como, por exemplo, manifestações digestivas ou alérgicas. Também já se sabia seu potencial para fotossensibilização que é a propriedade de provocar lesões agudas da pele de tipo inflamatório ou alérgico quando o usuário se expõe à luz solar. Agora a associação com câncer de pele e de lábio exige mais cuidado na prescrição e no controle do paciente.
Presença da HCTZ no mercado brasileiro
Hoje o mercado brasileiro conta com mais de trinta apresentações da HCTZ, como monodroga, e mais de cinquenta, na forma de associações. Nas décadas passadas eram prescritas doses diárias de 50 ou 100mg de HCTZ. Mais recentemente, se recomendam doses diárias menores, ensejando novas apresentações. Sendo comum o uso de dois ou mais fármacos para controle da hipertensão, foram introduzidas no mercado mais do que cinquenta associações de HCTZ com diuréticos poupadores de potássio como amilorida ou anti-hipertensivos não diuréticos como inibidores da enzima conversora de ou antagonistas dos receptores II da angiotensina.
Referências
1. Pottergard A et al. Hydrochlorothiazide use is strongly associated with risk of lip cancer. J Intern Med 2017 Oct;282(4):322-331.
2. Pedersen SA et al. Hydrochlorothiazide use and risk of nonmelanoma skin cancer: a nationwide case-control study from Denmark. J Am Acad Dernatol 2018 Apr;78(4):673-681. Disponivel em
https://www.jaad.org/article/S0190-9622(17)32741-X/fulltext
3. Brasil, Anvisa Alerta 72 018/2018. Hidroclorotiazida
4. Moser, M Feig PU. Fifty Years of Thiazide Diuretic Therapy for Hypertension.Arch Intern Med 2009;169(20): 1851-1856. Disponível em
https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/fullarticle/1108565#full-text-tab Acesso em 05/04/2019.